Na existência estamos sempre em situação, mas a situação de arte é uma situação- limite, como estar em Mar morto (NUNO RAMOS).
Para nos encontrarmos nessa situação é preciso errar. Mais do que suspender nossas certezas, é necessário reaprender a caminhar sem destino…se não nos perdemos, se não erramos, não nos encontramos com a situação da arte.
É preciso restaurar por um momento a perplexidade para saber que não há nenhum ponto no qual se concentrar como foco. Essa falta de alvo, que anuncia dentro de nós mesmos os nossos brancos, as nossas lacunas, as nossas ausências, é a experiência da arte o arqueiro sem alvo, o ser que descobre que não sabia o que iria descobrir.
E essa experiência é inteira porque inteira é a obra no seu fluxo de vozes, coisas e sombras.
Textos acima são do livro: “No Mundo sem Chão: escritos sobre arte”. Paulo Sérgio Duarte. Organização Sérgio Martins. Editora Cobogó, 2023.