Ao convidar Beati Di Giorgi para pensar e chamar um sarau no Astrolábio Ateliê quis dividir com ela a percepção de que um sentimento de exaustão e isolamento, dissimulado pelas conexões imediatistas das mídias sociais, poderia nos enfraquecer diante dessa ordem nefasta e zombeteira e que um encontro estético poderia reanimar nossa índole inconformista e criativa. Beati prontamente topou e nos deu um certeiro brado para esta necessidade e o momento:
― “Sapere Aude”, ouse experimentar!
O potencial libertador da forma estética mantém a inconformidade com a realidade ao desdenhar valores dominantes e moralismos anacrônicos. A intensificação da percepção e a subversão da consciência pela arte podem levar a experiência até a ruptura, ou seja, ao ponto de inflexão das coisas, de modo que o indizível possa ser dito, o invisível se torne visível e o insuportável exploda fulgurando a dissolução de tabus e as referências ao falso mito.