acasO Objetivo: a metafísica no surrealismo*

Luiz Palma, 2024

Ao longo da década de 20 do século XX o surrealismo, com Louis Aragon e André Breton, foi muito além do impactante movimento poético e artístico. Pois com outros nomes como Antonio Artaud e René Crevel percorreu um caminho filosófico pela via de uma certa lógica da contradição ou da afirmação acompanhados por especulações de Kant, Hegel, Marx e Bakunin, Proudhon e outros. A indistinção entre percepção e alucinação, vigília e sono, não corresponde a um viés de irrealidade, mas uma busca ativa de surrealidade. Quando o sonho vela a vigília alcança-se a maravilha. Automatismo e colagismo são as dimensões principiais da poesia e da arte figural surrealista. O que significam essas coortes gregárias e tantas associações no colagismo? Diluir individualidades ou identidades? O caminho colagista avança sobre um reconhecimento súbito e uma identificação inesperada se afirma ao criar uma constelação em movimento de indivíduos vivos ou mortos, seja com as imagens, na grafia ou no traçado da escrita podendo alcançar uma nuvem tremulante de imaginação e percepção. Cabe acrescentar nesse ato criativo a expressão surrealista do “acaso objetivo”.

No cerne do Dadá e do surrealismo os opostos sem serem reconciliados ou anulados, coexistem na indiferença, como um conjunto de antinomias. Já a memória surrealista não escapa ao recalcamento freudiano, ela logra salvar alguns destroços de um naufrágio completo, mas diferentemente de outras intuições filosóficas ou literárias seu poder de prospecção supera a retrospecção…dançam ao sabor das coincidências e do tempo sem fio. Em outubro de 1924, André Breton redigiu o Manifesto do surrealismo

*Fonte de consulta: Patíbulo com para-raios: surrealismo e filosofia. Georges Sebbag. São Paulo, Editora 100/cabeças, 2023.

O colagismo faz da letra imagem e da palavra muda personagem onírica

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