A partir daí, opera-se uma identificação entre o pensamento da arte — efetuado pelas obras de arte — e certa noção de pensamento confuso:
“Uma ideia nova e paradoxal, já que, ao fazer da arte o território de um pensamento fora de si mesmo, idêntico ao não pensamento (…) , ela faz do “conhecimento confuso” não mais um conhecimento menor, mas propriamente um pensamento daquilo que não pensa. (Jacque Ranciere, 2009)”. Arte e Psique – um poder sem majestade. Capítulo 5. Luiz Palma. Editora Escuta. São paulo, 2019.

À essa palavra, muda e eloquente, contrapõe-se uma palavra em ato, levada por um significado a ser transmitido e um efeito a ser alcançado. Palavra viva na ordem da representação clássica, pois é vinculada à palavra que se faz ato e concebida como a palavra daquele que perturba e persuade, cria e arrebata as mentes e os corpos.
“(…) enseja o “tudo fala” de Novalis, como explica Rancière, (2009), prática do poeta mineralogista para o qual em tudo há sinais subjacentes. Assim sendo, toda a forma sensível, desde a pedra ou a concha, seria falante. Ou ainda, como… estabelece na escrita literária que se faz decifração e reescrita. Em A pele do asno, Balzac descreve emblematicamente a loja de antiguidades…”
